top of page

JANELAS ABERTAS PARA O MUNDO

Atualizado: 17 de abr. de 2020


Hoje as janelas estão todas abertas.

Estamos exilados em nossas casas. Um vírus invisível nos impede de sair e nos resta apenas a janela para ver o mundo. Em um desses dias de exílio pensei: seria possível contar a história de uma cidade, de um país, através das janelas? Mas qual seria mesmo a história da janela?

Relembrando as aulas de História da Arte, fui navegando pelos séculos ...

As primeiras aberturas nas paredes que lembram janelas surgiram no ano 4000 AC nas casas de Persépolis, antiga capital do Império Persa, no Irã. Já as primeiras ornamentações surgiram no Palácio de Minus, em Creta na Grécia. Nas casas gregas, as janelas davam para o pátio interno e eram artisticamente ornamentadas.

Os romanos tiveram muita influência introduzindo as janelas com vidros nas aberturas feitas nas construções por volta do ano 100 DC. E no Brasil do século XVII, no período barroco, as janelas passaram a ganhar formas decorativas arredondadas, elípticas e de geometria livre.

Com o classicismo as janelas foram ficando mais práticas, se adequando ao material de melhor acústica e condição térmica. Mais tarde, chega o movimento art nouveau. Muitos vidros coloridos, ornamentações, deixando as janelas como elemento decorativo e enfeitando as fachadas das casas.

Eis a história, mas qual seria a origem da palavra “janela”? Janela em alemão é fenster, em francês fenêtre, italiano é finestra, português de Portugal é fresta e ainda postigo, janelinhas em portas para se olhar quem bate. Mas então, de onde vem “janela”? Oriundo do latim janua, quer dizer porta; januella é uma forma diminutiva de janua. Uma pequena porta.

Mas e a sua função? Para que serve? O que representa?

Através da janela, quando criança, se via o quintal da casa, a roupa no varal, a mãe lavando roupa, o pai que chegava do trabalho. Através dela, se via a lua cheia e as estrelas predizendo se amanhã teria chuva. Era através desse recorte da parede, muitas vezes sem vidro, que se podia sentir o vento fresco da noite que se aproximava. Sonhava também com o dia em que um belo rapaz faria uma serenata ao luar. Mais adulto, passamos a olhar por outras janelas. Janela do avião, vendo as terras, os mares, os caminhos do alto e sonhando com o destino que vamos chegar. Janelas dos hotéis que nos deslumbram com o visual daquela praia maravilhosa ou das montanhas que nos abraçam num convite para caminhar.

Hoje, entretanto, temos uma outra realidade.

“Janela” pode representar os horários livres na sua agenda ou ambiente ocupado por um programa aberto na sua tela do computador. No corpo humano são os olhos - a janela da alma.

Abrimos as janelas para que o ar nos renove, para ver os nossos “idosos”, para ver outras janelas com outras pessoas que olham outras janelas. Nas janelas batemos panelas em sinal de protesto e batemos palmas em sinal de reverência àqueles que não podem estar em casa. Abrimos as janelas, olhamos para o céu e oramos.

Através das janelas nos chega a esperança e podemos vislumbrar o futuro. Vamos abrir a janela para o novo: novas experiências, novas possibilidades, novos desafios. Abrir a janela para o outro, para dar oportunidades. Se solidarizar. Abrir-se e abrir a janela para receber o mundo novo que se aproxima.

Para isso, precisamos limpar nossas vidraças, desembaçar, tirar aquilo que nos impede de ver melhor: os preconceitos, o radicalismo, o egoísmo, a ira, a avareza. Só assim poderemos criar um Mundo melhor! Vamos?

 
 
 
bottom of page